sexta-feira, 28 de março de 2008

Kurikutela



Às crianças nós ainda perdoamos...




Sobre os professores a Miguel Sousa Tavares


É do conhecimento público que o senhor Miguel de Sousa Tavares considerou “os professores os inúteis mais bem pagos deste país.” Espantar-me-ia uma afirmação tão generalista e imoral, não conhecesse já outras afirmações que não diferem muito desta, quer na forma, quer na índole. Não lhe parece que há inúteis, que fazem coisas inúteis e escrevem coisas inúteis, que são pagos a peso de ouro? Não lhe parece que deveria ter dirigido as suas aberrações a gente que, neste deprimente país, tem mais do que uma sinecura e assim enche os bolsos? Não será esse o seu caso? O que escreveu é um atentado à cultura portuguesa, à educação e aos seus intervenientes, alunos e professores. Alunos e professores de ontem e de hoje, porque eu já fui aluna, logo de “inúteis”, como o senhor também terá sido. Ou pensa hoje de forma diferente para estar de acordo com o sistema?
O senhor tem filhos? – a minha ignorância a este respeito deve-se ao facto de não ser muito dada a ler revistas cor-de-rosa. Se os tem, e se estudam, teve, por acaso, a frontalidade de encarar os seus professores e dizer-lhes que “são os inúteis mais bem pagos do país.”? Não me parece… Estudam os seus filhos em escolas públicas ou privadas? É que a coisa muda de figura! Há escolas privadas onde se pagam substancialmente as notas dos alunos, que os professores “inúteis” são obrigados a atribuir. A alarvidade que escreveu, além de ser insultuosa, revela muita ignorância em relação à educação e ao ensino. E, quem é ignorante, não deve julgar sem conhecimento de causa. Sei que é escritor, porém nunca li qualquer livro seu, por isso não emito julgamentos sobre aquilo que desconheço. Entende ou quer que a professora explique de novo?
Sou professora de Português com imenso prazer. Oxalá nunca nenhuma das suas obras venha a integrar os programas da disciplina, pois acredito que nenhum dos “inúteis” a que se referiu a leccionasse com prazer. Com prazer e paixão tenho leccionado, ao longo dos meus vinte e sete anos de serviço, a obra de sua mãe, Sophia de Mello Breyner Andresen, que reverencio. O senhor é a prova inequívoca que nem sempre uma sã e bela árvore dá são e belo fruto. Tenho dificuldade em interiorizar que tenha sido ela quem o ensinou a escrever. A sua ilustre mãe era uma humanista convicta. Que pena não ter interiorizado essa lição! A lição do humanismo que não julga sem provas! Já visitou, por acaso, alguma escola pública? Já se deu ao trabalho de ler, com atenção, o documento sobre a avaliação dos professores? Não, claro que não. É mais cómodo fazer afirmações bombásticas, que agitem, no mau sentido, a opinião pública, para assim se auto-publicitar.
Sei que, num jornal desportivo, escreve, de vez em quando, umas crónicas e que defende muito bem o seu clube. Alguma vez lhe ocorreu, quando o seu clube perde, com clubes da terceira divisão, escrever que “os jogadores de futebol são os inúteis mais bem pagos do país.”? Alguma vez lhe ocorreu escrever que há dirigentes desportivos que “são os inúteis” mais protegidos do país? Presumo que não, e não tenho qualquer dúvida de que deve entender mais de futebol do que de Educação. Alguma vez lhe ocorreu escrever que os advogados “são os inúteis mais bem pagos do país”? Ou os políticos? Não, acredito que não, embora também não tenha dúvidas de que deve estar mais familiarizado com essas áreas. Não tenho nada contra os jogadores de futebol, nada contra os dirigentes desportivos, nada contra os advogados. Porque não são eles que me impedem de exercer, com dignidade, a minha profissão. Tenho sim contra os políticos arrogantes, prepotentes, desumanos e inúteis, que querem fazer da educação o caixote do( falso) sucesso para posterior envio para a Europa e para o mundo. Tenho contra pseudo-jornalistas, como o senhor, que são, juntamente com os políticos, “os inúteis mais bem pagos do país”, que se arvoram em salvadores da pátria, quando o que lhes interessa é o seu próprio umbigo.
Assim sendo, sr. Miguel de Sousa Tavares, informe-se, que a informaçãozinha é bem necessária antes de “escrevinhar” alarvices sobre quem dá a este país, além de grandes lições nas aulas, a alunos que são a razão de ser do professor, lições de democracia ao país. Mas o senhor não entende! Para si, democracia deve ser estar do lado de quem convém.
Por isso, não posso deixar de lhe transmitir uma mensagem com que termina um texto da sua sábia mãe: “Perdoai-lhes, Senhor... Porque eles sabem o que fazem.”

Ana Maria Gomes Escola Secundária de Barcelos

sábado, 22 de março de 2008

Convém... manter os "carris oleados"!


Pensões militares imunes a contenção orçamental.


Governo acaba de aprovar uma nova alteração, a sétima, ao Estatuto dos Militares das Forças Armadas. O objectivo é garantir que todos os militares que ingressaram nas Forças Armadas antes de 1990 nunca recebam um montante da pensão de reforma ilíquida inferior à remuneração de reserva ilíquida, deduzida da percentagem da quota para efeitos de aposentação e de pensão de sobrevivência, a que teriam direito caso a passagem à situação de reforma se verificasse na idade-limite estabelecida para o regime geral da função pública.
Aos militares "é-lhes abonado, a título de complemento de pensão, o diferencial verificado", pelo que continuam totalmente imunes às novas regras de contenção orçamental que levaram o Estado a reduzir, designadamente já com o o actual Executivo, os montantes a receber pelos beneficiários de pensões dos regimes, quer públicos quer privados.
O diploma aprovado a 6 de Março assegura que "caso a pensão de reforma auferida pelo militar seja inferior à resultante do novo cálculo, ser-lhe-á abonado, a título de complemento de pensão, o diferencial verificado, o qual é actualizado nos mesmos termos das respectivas pensões de reforma pagas pela Caixa Geral de Aposentações".
Na exposição de motivos desta sétima alteração ao Estatuto dos Militares recorda-se que a lei de 1990 introduziu alterações significativas no tocante ao regime de transição dos militares para a situação de reforma, diminuindo, designadamente, o limite de idade dos 70 anos para os 65. Desde aí, tem-se alterado sucessivamente o enquadramento legal para evitar "que os militares reformados prematuramente viessem a auferir montante inferior caso tivessem permanecido na situação de reserva". Uma situação de excepção que os isentou de colaborarem no esforço de
contenção orçamental.


Aqui está uma boa forma de manter o ”poder”. Desde que se mantenham os militares “satisfeitos” não há problemas para a “democracia” continuar a funcionar como até aqui…

quarta-feira, 19 de março de 2008

TGV


Realmente faz-me confusão algumas das decisões dos nossos governantes. O TGV é uma delas.
Será que temos esta necessidade de gastar uns largos milhões de euros (fora as “derrapagens” que em Portugal sempre acontecem. Vá-se lá saber porquê?!...) para ficarmos iguais aos parceiros europeus? Eu bem tento encontrar razões justificativas mas... verdade, verdadinha... não consigo encontrar uma sequer. Mas como eu, pelos “vistos”, existem mais uns milhões de portugueses a questionarem-se acerca do mesmo. Aqui vos deixo um “mail” que recebi... de mais um português à procura de razões (que a razão desconhece...)


Há uns meses alguém foi de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, deu consigo num comboio que só se diferenciava dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.
A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.
Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos “superavites” orçamentais, seriam mesmo uns tontos. Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza.
A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade. Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais, O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo. É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não terá qualquer repercussão na economia do País.
Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.
Com 7,5 mil milhões de euros pode-se construírem mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um). Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Leiteiro à porta!...


Como diz o outro: “Ainda sou do tempo do leiteiro à porta.”
Agora compro-o no “Hiper” que estiver mais à “mão”... (os tais dos preços “baixos”...)
O leite como o pão continuam a ser a base de alimentação de muitas famílias. Nós tínhamos leite mais que suficiente para as “necessidades internas”. Veio a UE e obrigou-nos a colocar “quotas de produção” aos agricultores. Agora que muitos tiveram que abandonar essa actividade veio (a UE) dizer-nos: “Ok!... O pessoal já pode aumentar a produção. Mas olhem que agora é quem vender mais barato é que se safa!...”
A União Europeia interessou a quem? – pergunto eu.

Do jornal “Global” de hoje deixo-vos esta “boa” notícia:

Aumento da produção em França fará os preços cair. E os produtores portugueses receiam fim do regime de quotas.

O preço do leite poderá cair seis cêntimos por litro e a produção em Portugal ser aumentada em 39 mil toneladas a partir de Abril, medidas que não agradam às federações e associações do sector.
Na opinião da Federação Nacional das Cooperativas de a medida anunciada pela Associação dos Produtores de Leite e de Carne (Leicar), de reduzir o preço do leite, é irresponsável e só servirá para confundir os consumidores.
Prudência. “Não se podem confundir questões agrícolas com questões do mercado”, alertou o presidente da Fenelac, Fernando Cardoso, citado pela agência Lusa, acrescentando que qualquer projecção do preço do leite feita agora deve ser “muito prudente”.
Quanto à permissão dada por Bruxelas para o aumento das quotas leiteiras em Portugal, a Leicar considera que esta medida servirá para matar os produtores de leite no País.
“O sistema de quotas é bom, pois permite, ao menos ,o controlo da produção a nível europeu”, afirmou o presidente da Leicar, José Oliveira.
Aquele responsável prevê que a abolição das quotas apenas beneficie países grandes produtores, como a Inglaterra, Holanda e Alemanha, que desta forma vão encher o mercado comos seus produtos, aniquilando a produção de outros países.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Que "comboio" devemos apanhar?


Já não há mais palavras que possam explicar a "irredutibilidade" de um Governo que, por ter a maioria, exerce um poder ditatorial. É pura e simplesmente não querer dialogar porque... não. A história há-de ser feita...


Sindicalismo e conflitualidade (jornal “Sexta” de 07.Março.2008)
Por Elísio Estanque*
*Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Coordenador do Núcleo de Estudos do Trabalho e Sindicalismo

Perante as profundas mudanças que vem ocorrendo no mundo do trabalho (fragmentação, flexibilização, precariedade, etc.), num contexto geral de desfiliação e individualismo, o movimento sindical vem enfrentando crescentes dificuldades.
Enquanto o capital opera numa escala global, os sindicatos habituaram-se a agir numa lógica nacional ou sectorial (por vezes corporativa), da qual precisam de sair. O sindicalismo foi o grande movimento da sociedade industrial, mas hoje continua amarrado a esse modelo e não se adaptou ás exigências da sociedade pós-industrial da era da globalização.
No pós-25 de Abril de 1974 a mobilização dos trabalhadores foi excepcional, mas idealista e romântica. A partir de então a concertação social favoreceu a institucionalização dos sindicatos e os seus dirigentes foram-se afastando das bases. Hoje, com a precariedade e o individualismo, tende a crescer a desconfiança em relação à classe política e aos sindicatos, devido também ao clima de pressão e autoritarismo empresarial que se instalou.
Em relação à CGTP, a influência do PCP tem de facto servido de travão à renovação, mas a sua posição dominante na central beneficia do escasso envolvimento de outras forças partidárias. E é óbvio que a renovarão não está no BI mas sim no diagnóstico, no discurso e nas práticas. Requer a reinvenção das formas de acção e de articulação com os sectores do sub-emprego ou empregos atípicos e com outros movimentos sociais.
Na actual conjuntura é visível o divórcio entre o Governo e o eleitorado (que lhe deu a maioria). A sua fraca sensibilidade social, o défice de diálogo com os sindicatos, a estagnação económica com a perda de poder de compra, o bloqueio das carreiras, o agravamento das desigualdades sociais, etc., conduziram ao enquistamento social e despoletaram a onda de contestação em curso.Importa, portanto, não confundir estas grandes manifestações com manipulações político-partidárias. São protestos que traduzem um real descontentamento das pessoas.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Mais polícia é igual a mais segurança?


O Ministério da Administração Interna vai abrir as portas à formação de mais dois mil agentes e militares, da PSP e da GNR, contrariando o que tinha sido anunciado pelo próprio primeiro-ministro, José Sócrates, no ano passado, que afirmara não haver novas formações em 2008 e 2009.
Foi o ministro Rui Pereira quem anunciou a decisão, durante a apresentação do programa de 15 pontos “Portugal Seguro – Estratégia de Segurança para 2008”,que decorreu no Centro Cultural de Belém. Além do reforço do efectivo policial, Rui Pereira quer ainda criminalizar o exercício ilícito da segurança privada ,para uma pena até dois anos, e a possibilidade de os seguranças poderem usar meios de defesa não letais, abertos também às polícias municipais. (jornal Global de 06/03/2008)


Ao ler isto penso que:

Ao contrário do que defendem os liberais, quando o Estado abandona as suas funções sociais e económicas tem de reforçar a sua presença na esfera privada e cívica. A menor democracia social só poderá corresponder menor democracia política. Porque quanto menor a integração social maior terá de ser a vigilância e a repressão. Depois de um intervalo, o Estado regressa à sua função. Ao Estado Social sucede o Estado Polícia.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Uma barba à maneira...


As investigações de âmbito criminal ao caso BCP, que estão desde final de Dezembro entregues a uma secção especializada do DIAP, podem requerer cooperação internacional, revelou ontem fonte judicial citada pela agência Lusa. “[A investigação] poderá envolver necessidade de cooperação internacional”, adiantou esta fonte, sem adiantar pormenores, já que o caso se encontra em segredo de justiça. (jornal "Metro" de 05.03.2008)

terça-feira, 4 de março de 2008

Entroncamento.

Iniciamos a "nossa" viagem saindo da gare do Oriente. A primeira paragem dá-se no Entroncamento. Uma cidade que foi crescendo à volta da sua estação ferroviária. Aqui vai um pouco da sua história.
O Entroncamento é cidade e sede de concelho com 13,8 quilómetros quadrados e 18.174 habitantes (Censos 2001). Localiza-se no Vale do Tejo e pertence à Região Centro, sub-região do Médio Tejo. Situado no centro do Ribatejo, beneficia da sua inserção geoestratégica na região do Vale do Tejo e de boas acessibilidades ferroviárias e rodoviárias. Tem duas freguesias, uma de cada lado da linha férrea que atravessa o concelho. Confina com o concelho da Golegã a sul, com o de Torres Novas a poente e a norte, e com o concelho de Vila Nova da Barquinha a nascente. Dista 7 km de Torres Novas, 19 km de Tomar, 43 km de Santarém e 120 km de Lisboa.
Nasceu em meados do séc. XIX, com os alvores da construção ferroviária, e começou por ser uma simples estação de caminhos de ferro. Por perto existiam dois lugarejos de poucos habitantes (o Casal das Vaginhas e o Casal das Gouveias), onde se vieram estabelecer os primeiros trabalhadores. Os técnicos eram, na sua maior parte, estrangeiros, a mão de obra veio, numa primeira fase, de diversos pontos do país, depois acentuou-se o afluxo de trabalhadores vindos da Beira Baixa e Alentejo.
O nome da cidade deriva do entroncamento ferroviário que aqui se formou, com a junção das Linhas do Norte e do Leste, em 1864. Charneira das ligações com o Leste e Beira Baixa, a estação do Entroncamento foi, durante décadas, ponto de paragem obrigatória para quem mudava da linha do Norte para a do Leste e vice-versa, quando o comboio era o meio de transporte mais utilizado. Nesse tempo, muitos viajantes ilustres vindos da Europa pela Linha do Leste, ou fazendo o percurso inverso, almoçaram ou jantaram no restaurante da estação. Nas suas obras literárias, vários escritores se lhe referiram: Hans Christian Andersen, Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Alberto Pimentel, Luzia (pseudónimo de Luísa de Freitas Lomelino) e Eduardo Meneres.
A estação do Entroncamento conheceu figuras da cena política, desde a realeza até ao pós-25 de Abril. Assistiu, em 1915, ao atentado a João Chagas, político e jornalista, que seguia para Lisboa para assumir a direcção de um novo governo, após a ditadura do general Pimenta de Castro.
Embora pequena, a povoação nascente pertencia a duas freguesias e a dois concelhos, porque a via férrea assim determinara: a poente das linhas, situava-se na freguesia de Santiago, concelho de Torres Novas, a nascente da via, o território pertencia à freguesia de Nossa Senhora da Assunção da Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha.
A pequena aldeia foi crescendo, devido ao desenvolvimento dos transportes ferroviários e às respectivas estruturas de apoio aqui construídas – oficinas e escritórios. A instalação de aquartelamentos militares, a partir de 1916, determinada pela situação geográfica e as acessibilidades ferroviárias, aumentou ainda mais a importância estratégica deste lugar em pleno desenvolvimento e, consequentemente, aumentou também a população. Aos ferroviários vieram juntar-se os militares e respectivas famílias.
Em 25 de Agosto de 1926 a povoação foi elevada a freguesia, em 1932 a vila e em 24 de Novembro de 1945 foi promovida a concelho. Aos 20 dias do mês de Junho de 1991 o Entroncamento é elevado a cidade. Entre estas datas, o percurso foi de emancipação progressiva dos concelhos a que tinha pertencido, libertando-se, em primeiro lugar, de Torres Novas e depois da Barquinha. Ser, no mesmo século, aldeia, vila e cidade talvez seja um destino pouco comum na história das terras portuguesas. Do pequeno núcleo de operários e respectivas famílias que povoaram esta terra no final do século passado, chegou-se aos anos trinta com mais de 3.000 habitantes, em 1945 eram já 8.000 e esta progressão foi continuando ao longo do tempo. Em Março de 2005, estima-se a população actual em cerca de 18.780 residentes (cálculo efectuado com base no número de eleitores, multiplicado pelo índice 1,2). O aumento populacional e a expansão contínua da área habitada justificaram que, em 2003, fosse criada uma segunda freguesia (Lei 68/2003, de 26 de Agosto). Voltou-se, assim, à situação inicial: uma freguesia a poente da via férrea (Nossa Senhora de Fátima), a outra a nascente (São João Baptista), mas as duas pertencendo agora ao concelho do Entroncamento.