sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Muda de Vida

“Baying” – uivando ao comboio da vida


Nem de propósito o quadro de Paula Rego “Baying” atingiu a verba de € 738.000 num leilão realizado em Londres pela “Sotheby's”.
Sentimos (nós os portugueses) vaidade por um português, nesta caso uma portuguesa, ser reconhecido internacionalmente. É um pouco como quando a nossa Selecção consegue vitórias sobre outras teoricamente superiores. Os nossos índices de alegria e satisfação sobem até ao pico mais alto. “Uivamos” até mais não...
Esquecemos, por uns instantes, as dificuldades de sermos portugueses. (Pelo menos a “grande... grande maioria”) Depois caímos de novo na “real” e voltamos à nossa pequenez. O dinheiro contado e recontado para comprar o essencial. São as nossas Crianças que estão em risco de pobreza. São os nossos Velhos que morrem abandonados como cães vadios. É a nossa Saúde que “anda pela hora da morte”. É a nossa Educação que não dá saída (aos nossos jovens) para o mercado de trabalho.
É a emigração que continua como no “tempo da outra senhora”...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O comboio (do Museu) do pão.


Pois é.. qualquer dia só visitando o Museu do Pão... os portugueses terão oportunidade de conhecer este alimento... outrora apelidado de "alimento do povo".

O pequeno almoço de ontem deve ter obrigado muita gente a fazer contas, perguntando - quanto é que, um dia destes, vai custar a torrada ou a sandes?
É que logo pela manhã fomos bombardeados com a notícia da inevitabilidade do aumento do pão. E em cerca de 50 por cento reclamam os industriais, justificando este valor com o acréscimo no preço das matérias-primas e o decréscimo nas vendas – 30 a por cento nos últimos anos, devido ao “aumento do custo de vida”. O ministro da Agricultura veio dizer aquilo que todos os consumidores queriam ouvir: um aumento assim seria “especulativo”. É o que parece à maioria das pessoas.
Mas mesmo com outro aumento, vai continuar a diminuir consumo do pão. Pura e simplesmente haverá muita gente sem dinheiro para o comprar!
Esse, sim, é o problema.
(In Global de 28 de Fev. 2008)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O Comboio da Fome.


Relatórios internacionais dizem que temos fartura de tudo: de miséria, de desespero, de desemprego, de resignação, de mentiras; e falta do que confere a uma pátria a fisionomia moral, cultural, cívica, social e política. O retrato perturba. Perturba quem? As camadas da população mais sovadas: eu, tu, nós. Eles, vós, os outros, pertencem à lista que reivindica uma outra forma de viver: na abastança obscena, causadora da mais excruciante das desigualdades. Ainda há horas, recebi, mensagem electrónica, o rol de alguns privilegiados, cujos ordenados, mordomias, pensões, subsídios, indemnizações pertencem à etimologia da pouca-vergonha. E o DN de anteontem adicionou, ao infortúnio do viver português, a desgraça de que um quinto dos nossos miúdos está em risco de pobreza. A saber: a miséria nunca toca duas vezes.
O desemprego: origem de todos os males. E o emprego está sempre em risco. Mesmo trabalhando, milhares de pessoas sobrevivem na faixa da pobreza. O eterno divórcio entre política e moral, e entre História e ética não justifica a reprodução, multiplicada, dos privilégios. Estes valores dominantes, sustentados por partidos ditos de "esquerda", estão a criar o favorecimento da sua própria relegação. Quando a Sedes, sempre com atrasos históricos consideráveis, alerta para os perigos de uma grave cisão social, com eventuais convulsões de rua, reabilita, toscamente, o que Ortega y Gasset chamou "a rebelião das massas".O pensamento sistemático da "globalização" não conseguiu sistematizar o mundo; e o monotema do "socialismo moderno", com Tony Blair na batuta e Guterres e Sócrates na flauta, foi a metáfora de um capitalismo desprovido (como, aliás, lhe compete) de emoção humana. O capitalismo nunca anunciou a felicidade na Terra, enquanto o "socialismo moderno", e seus habilidosos e loquazes tribunos, prometeram tudo e mais alguma coisa.
As duas páginas que o DN consagrou à pobreza atingem-nos como uma afronta. Mas é importante que jornais importantes persistam em falar na importância da infâmia. A denúncia da atroz realidade não constitui um ressentimento sem motivo nem um ódio monográfico aos grandes privilégios, embora Balzac tivesse escrito que todas as fortunas assentam num crime - e quem sou eu para desdizer Balzac? As convulsões sociais que se pressagiam vão carecer de mediadores capazes de compreender o que está em jogo. Assim como de reavaliar os conceitos de "exploração" e de "alienação", que permitem explicar, de uma outra maneira "política", o País onde vivemos. Este país, dirigido por uma gente improvisada e insensível, a tal ponto, que empurra dois milhões de miúdos para a faixa da pobreza. Eufemismo que quer dizer: têm fome.



In DN de 27/02/2008.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Um comboio chamado Portugal.


A capa do DN de hoje revela que: “Bancos tiveram lucros de 7,9 milhões de euros dia” e no seu interior refere: “Já em Portugal, o nascimento do primeiro filho dá-se sempre mais tarde, ano após ano, e mais do que um descendente leva a verdadeiros exercícios de contorcionismo orçamental doméstico. O investimento em infra-estruturas sociais de apoio à infância, a ajuda material às famílias mais carenciadas e numerosas e a integração sem falhas dos trabalhadores imigrantes e suas famílias são necessidades incontroversas, face a estes números. É um esforço continuado, que levará anos a dar frutos. Para estancar o definhamento populacional, inconsciente, mas real, do povo português.”
No jornal “Global” de 6ª feira passada era referido que:
“O Tribunal de Contas detectou irregularidades na contabilidade das campanhas eleitorais para as presidenciais de 2006.
A instituição detectou dez ilegalidades e irregularidades nas candidaturas de Jerónimo de Sousa e Mário Soares, nove na de Manuel Alegre, oito na de Francisco Louça, seis na de Cavaco Silva e quatro na de Garcia Pereira. Com excepção da candidatura de Garcia Pereira, a todas foi apontada a falha de não reflectirem as suas contas a totalidade das despesas e das receitas.”

Mas o que é que se passa para o “pessoal” não acordar? Que pouca vergonha é a destes políticos que dizem defender o “interesse nacional” e praticarem a “politica de conveniência”?
Então o "cidadão comum" tem de cumprir com as obrigações, tem de ser produtivo, tem de ser flexivel, tem de cumprir a lei. Então e os "altos representantes" da Nação, os "defensores" do povo estão acima da lei que criaram? Continuamos em comboios de carruagens de 1ª , 2ª e vagão do carvão para os últimos...


Palavras para quê? Estamos num comboio chamado “Portugal”...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Chegada a Santa Apolónia.














Em 28 de Abril de 1974 Mário Soares chega a Santa Apolónia no "Sud Express"...( a que ele apelidou de "Comboio da Liberdade"). Com ele vinha, julgávamos nós, a democracia, a justiça, a fraternidade.
Onde é que elas se meteram que eu não as vejo?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008


Vem de muito longe esta minha "atracção" pelos comboios. Menino e moço íamos e vinhamos da terra de comboio. Do Barreiro até Montemor-o-Novo com os olhos "pregados" na janela via desfilarem campos e casitas ao ritmo do "pouco-a-terra". Já mais tarde quando estudava na Escola Comercial Veiga Beirão (é verdade... sou "desse tempo") ia muitas vezes para a estação do Rossio assistir à chegada e partida dos comboios. Os meus "pensamentos" iam e vinham com os comboios de e para lá do túnel...

Um dos primeiros empregos que tive era junto à estação de Santa Apolónia. Coincidências ou nem tanto?

Vem isto a propósito de quê? (perguntarão vocês). Amanhã e após 3 anos de encerramento a Estação do Rossio volta a ser reactivada.

"Em estilo neo-manuelino, a estação de comboios do Rossio é um incrível monumento, que se situa entre a Praça do Rossio e os Restauradores e foi desenhada pelo arquitecto José Luís Monteiro. As oito portas combinam com as nove janelas e com o relógio incrivelmente decorado, situado no cimo da fachada.A estação do Rossio é curiosa, na medida em que as plataformas de embarque se encontram a cerca de 30 metros acima da entrada principal. Daqui partem comboios para a encantadora região de Sintra, passando por Queluz.Construída em 1886/87, esta estação foi recentemente renovada. A plataforma de embarque está agora ligada ao Metro e conta com um dos mais magníficos trabalhos: olhe para o tecto e deslumbre-se! Faça questão de visitar a estação do Rossio. Tenho certeza que não se arrependerá."(in http://www.strawberryworld-lisbon.com/lisboa/places/rossio-station.html)



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O comboio no cinema mudo.

Buster Keaton e o seu "General"...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A Literatura e os comboios.


Também na literatura os comboios marcam a sua presença. Estou a lembrar-me de um dos famosos romances de Agatha Christie: "Um crime no expresso do Oriente". Ou ainda um de Georges Simenon: "O homem que via passar os comboios".

Deste último deixo-vos uma análise deveras interessante elaborada por Marisa Torres da Silva:

A Sombria Psicologia do Homem Moderno

Quem é Kees Popinga? Um homem meramente entediado com a rotina diária ou um indivíduo em crise de identidade? "O Homem que Via Passar os Comboios", de Georges Simenon, insere-se no âmbito da literatura policial, mas é também uma análise psicológica do homem moderno, dos seus fantasmas e do seu inconsciente.
Apesar de serem frequentemente considerados como semi-literatura, os romances policiais possuem uma mais-valia em relação a outros géneros literários: a capacidade intrínseca de agarrar o leitor às suas páginas, fazendo-o inclusive sofrer de curiosidade à medida que as situações-limite se desenrolam perante os seus olhos. Com os seus enigmas e mistérios, "O Homem que Via Passar os Comboios" (1938), do escritor belga Georges Simenon, consegue esta proeza própria da literatura policial, indo, porém, muito mais além dessa fórmula "mágica", ao revelar um enorme e perspicaz conhecimento da natureza humana.
Kees Popinga, o protagonista do romance, é um indivíduo cujo quotidiano rotineiro já nada acrescenta à sua existência: tem uma mulher, dois filhos, um bom emprego, uma casa aprazível, enfim, uma vida pautada por aquilo a que habitualmente denominamos de "normalidade". Mas Popinga sonhava em ser outra coisa que não Kees Popinga - e eis que a simulação do suicídio do seu patrão funciona como um "leit-motiv" para a concretização desse desejo inconfessável, dessa marginalidade ao nível do imaginário que há muito o fascinava.
A partir daí, nada mais será o mesmo. Kees transfigura o seu "modus vivendi", deambulando agora pelas iluminadas ruas parisienses, em busca de si mesmo, numa sombria auto-análise plena de complexidades. "Podia permitir-se a tudo! Podia ser tudo o que queria, agora que renunciara a ser a todo o custo, Kees Popinga, o procurador! E pensar que tivera tanto tempo um trabalho dos diabos para que a personagem fosse perfeita, para que, aos olhos dos mais exigentes, não houvesse um só pormenor escandaloso!"
A crise de identidade que assola o protagonista corresponde, de certa forma, à ruptura do homem moderno consigo mesmo, com o seu ambiente e com o seu universo, tentando libertar-se da teia social que o oprime. E Simenon elabora, sob a capa de um romance de carácter policial, essa reflexão sobre a psicologia do ser humano com mestria e argúcia, criando um mundo muito particular, por vezes à maneira de Dostoyevsky.
Tornando-se num assassino detentor de uma calma e um sangue-frio admiráveis, Popinga erra no meio da multidão, indo e vindo entre estranhos, instalando-se em hotéis ou em pensões mais modestas, evitando um padrão rígido de comportamento, que o pudesse denunciar facilmente às autoridades policiais. Contudo, sente uma curiosidade irreprimível em ler o que os jornais escrevem sobre ele, que se transforma em satisfação quando envia cartas à imprensa para rectificar dados acerca da sua vida ou acrescentar outros, com uma postura sempre irónica e desafiadora.
No texto que dirige ao chefe de redacção do principal jornal de Paris, Kees exprime essa viragem na sua personalidade de uma maneira bastante peremptória: "Eis o que eu descobri ao reflectir simplesmente, friamente, em coisas que nunca se encaram senão de um ponto de vista errado (...). Não pode imaginar até que ponto, depois de se tomar esta decisão, tudo se torna simples. Já não precisamos de nos preocupar com o que pensa fulano ou beltrano, com o que é permitido ou proibido, conveniente ou não, correcto ou incorrecto." Com efeito, a questão de saber se o protagonista é ou não "são" é frequentemente levantada, mas deixada em aberto, como se de um ponto de suspensão se tratasse, de modo a gravar uma dúvida na mente do leitor.
O sentido de composição de um universo profundamente humano e sensível, a eficácia narrativa e o gosto pela evocação concreta, aliados a uma linguagem económica, desprovida de efeitos espectaculares, são alguns dos traços que conferem singularidade a este romance de Georges Simenon, um exímio contador de histórias. "O Homem que Via Passar os Comboios", além da exploração minuciosa da "psique" humana, é ainda uma obra onde perpassa toda a habilidade do autor na construção de atmosferas, na criação de um certo "impressionismo" na sua escrita, através da conjugação das cores e da luminosidade.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Conselhos práticos para uma longa viagem...


• A primeira coisa que um viajante deve fazer, impreterivelmente, é, consoante os territórios por onde se quer aventurar, começar por adquirir um bom mapa. Um mapa ao acaso que detenha, pelo menos, duas coisas: as linhas de caminhos-de-ferro e as cidades e vilas que acompanham a viagem, se for feita.
• O segundo passo é o mais delicado: trata-se daquilo que Brian Hollingsworth, num famoso livrinho, tão famoso, quanto saboroso, chamado The Pleasures of Railways ( A Jorney by Train through the Delectable Country of Enthusiasm for Railways, 1983), chama The Art of Timetabling. Hollingsworth é um especialista: antes deste The Pleasures of Railways escreveu, por exemplo, Steam for Pleasure, Steam Passenger Locomotives, e encarregou-se de dois magníficos guias: Atlas of The World's Railways e An Atlas of the Train Travel. Assim, a escolha do horário é «a mais subtil e sedutora forma da arte de viajar de comboio e - ocasionalmente - a mais exasperante», afirma ele, pensando em Edna St. Vincent Millay quando escrevia «Yet there isn't a train I woldn't take, no matter where it's going». Um horário é uma obra de arte, indubitavelmente. Viajantes de comboio existem (como eu, por exemplo) que se deleitam com a leitura de um horário, estabelecendo percursos imaginários que, se levados à prática, seriam certamente cansativos, mas deslumbrantes. O velhíssimo Thomas Cook, que dá pelo nome de Continental and Overseas Timetables of Railways, Bus and Steamer Services, é, neste domínio, o mais conhecido de todos, para viagens internacionais. Tem tudo: ligações estranhas com linhas praticamente desconhecidas, propostas bem curiosas de viagens por territórios que sempre desejámos conhecer, extravagâncias britânicas cheias de exotismo. Um dos escritores mais atrevidos neste tipo de coisas é, exactamente, Brian Thompson, romancista e dramaturgo inglês que regularmente escreve sobre comboios: numa das séries televisivas mais estimulantes sobre viagens de comboios, transmitida pela BBC há alguns anos atrás, Great Railways Journeys of The World, Brian Thompson ( e ainda Michael Wood ou Eric Robson ) deliciava-nos com uma descrição espantosa da sua viagem entre Bombaim e Cochim, passando por Bangalore, realmente fascinante e atenta. Mas, se não se quiser atrever a fazer as grandes linhas místicas dos viajantes de comboio, como a de Nairobi - Kinshasa, Nova Deli - Bombaim, o Expresso do Oriente, o Transpantagonian Express, poderá, mesmo assim, comprar um horário. E, se não puder comprar o Thomas Cook, o Eurail, editado na Suiça ( e disponivel em quase todas as estações principais portuguesas antes do Verão ) pela Schweizerische Bundesbanhen, serve perfeitamente para saber como pode ir de Lisboa e Porto até Helsínquia, Istambul, Leningrado, Viena, Dublin, Veneza, Zurique, Berlim, Estocolmo, Oslo ou Narvík. É só querer. Mesmo assim, a CP editou recentemente o seu mais completo horário, por módico preço. Contém todas as linhas e ramais portugueses (incluindo aquelas que a própria CP entende fechar a curto e médio prazos…), incluindo as grandes ligações para o estrangeiro. São quinhentas páginas (em 1988 vendia-se por 200$00, ou seja, €1,00…) de grande utilidade, que lhe dizem como pode ir de Lisboa a Bucareste, a Rovaniemi ( no círculo polar ), a Innsbruck, a Florença, etc., juntamente com a descrição horária da sua viagem entre Tomar e Lisboa, entre o Porto e a Póvoa do Varzim. Cosmopolita, portanto. E vale a pena, sempre, ter um horário que nos diga, em nossa casa, como se organiza o mundo, em estações, apeadeiros, transbordos, desdobramentos, ligações, couchettes, primeiras e segundas classes, etc.
• Este passo é mais arriscado: a decisão. Imaginemos que tem um mês disponível para uma grande viagem de comboio. Nunca imagine a sua viagem para trinta dias exactamente, mas para vinte. Chegam e sobram. Lembre-se que vai precisar de descansar, e bem… E não só: uma das vantagens do comboio é precisamente a sua disponibilidade para alterar percursos, fazer variar direcções até aí julgadas como indesmentíveis. O conselho mais viável é o seguinte: não deixe de estabelecer um percurso relativamente rígido a partir do qual possa efectuar pequenas e grandes derivações. A escolha da viagem deve efectuá-la com o mapa e o horário à sua frente: anote os comboios em que quer viajar, estabeleça o seu próprio horário ( por exemplo: Paris às 21.30, chegada a Hamburgo às 6.15 horas, partida de Hamburgo às 3.15 horas, chegada a Oslo às 19.30 horas…). Tenha em atenção, também, o facto de, nestas coisas, ser bom ter um agente de viagens pessoal, sempre o mesmo, que conheça as suas preferências, que o atenda demoradamente. Há uma lista de cerca de 120 agências de viagem em todo o País que substituem as vulgares bilheteiras da CP. Com estas agências marque uma hora para ser atendido e parar estender os seus mapas e horários. Exija todo o tempo. As grandes viagens, disso têm os agentes de se convencer, não são apenas as organizadas em cruzeiros de barco pelo Mediterrâneo (tão fora de moda…) ou as passagens de avião… Dignifique, assim, a ferrovia… É a seu favor.
• Vamos agora reunir a documentação de viagem. Claro: há o passaporte, o bilhete de identidade, a carta de condução (não se esqueça, pode ser-lhe necessária), papéis dos seguros (fundamental em grandes viagens) e, claro, os guias. Escolha guias confortáveis. Não passa pela cabeça de ninguém levar consigo uma enciclopédia. Os guias mais recomendáveis, neste particular, são o pesado Guide Bleu, a que pode acrescentar o Michelin e os Fodor's, sem dúvida os mais úteis e preciosos pelas informações pormenorizadas que indicam. Pode levar consigo, também, os guias Playboy… Não esqueça, ainda, canetas e blocos de papel (vai precisar de anotar coisas mínimas…) mapas, e alguns livros policiais que vai abandonando pelo caminho. Matérias fundamentais neste domínio são, ainda: um livro de endereços ( já usado com alguns endereços de amigos sempre úteis, em vários países, e por usar, para anotar outros endereços de novos amigos que vai conhecer no comboio ).
• Quinto momento: a escolha da bagagem. Fundamental. Qualquer que seja a sua idade, o melhor é utilizar mochila. Não tenha receio. Em nenhum país civilizado o uso de mochila será confundido com desmazelo. Só em Portugal, país onde é raro as pessoas viajarem, é que isso acontece. Respeitáveis anciãos viajam em toda a Europa de mochila. As mochilas ( sobretudo as escandinavas, embora em Portugal já se fabriquem algumas de bom material e de bom preço; as melhores são, no entanto, as da marca Karrimoor, passe a publicidade…) são muito mais práticas. A mochila leva tudo organizado em bolsas e bolsinhas. Coloque as coisas que não vai usar no fundo de tudo. Leve à mão as coisas que está sempre a utilizar: são as únicas recomendações, além da necessidade evidente de equilibrar os pesos… Se não quiser usar mochila, use malas leves ou sacos maleáveis e fáceis de transportar. Mas, lembre-se, usar mochila é o melhor, sobretudo se a sua viagem se estende por países longínquos (pode ir despachando bagagens para Portugal à medida que os dias vão passando…).
• Sexto e último passo: escolha a roupa. Consulte avidamente os boletins meteorológicos publicados nos jornais, mas previna-se sempre com roupa quente se for para o Norte da Europa e com roupa impermeável e confortável se for para o Sul da Europa. Seja prático. Muito prático. A viagem começa por aí, se quiser conservar o prazer de viajar.
• & etc. Não se esqueça, porém, de outros passos essenciais; geralmente vai querer viajar em grupo: escolha cuidadosamente as pessoas com quem viaja. Às vezes pode ser amigo de alguém, mas o temperamento das pessoas em viagem é altamente modificado; sempre. Lembre-se, também, que vai conhecer muita gente durante o percurso. Outro motivo de atenção é a escolha das datas: escolha para o ínicio da viagem uma terça-feira e nunca uma sexta-feira. Escolha sempre datas que não caiam entre os dias 29 e 31 / 1 e 3 de cada mês. Finalmente: saiba adormecer no comboio. É uma regra fundamental para não se esgotar em impaciências...


In: http://homepage.oninet.pt/275mez/co_comboio.html

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Apita ó Comboio!...

Em tempo de folia "carnavalesca" apanhemos o comboio... da boa disposição!.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O comboio da paz.

Cat Stevens em 1976. Tema: "Peace Train"...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sud Express - Memória viva


MEMÓRIA VIVE EM NOME DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA
Manuel Madeira fugiu para Paris no início de 1962. Percorreu 400 km a pé em território espanhol após passar a fronteira a salto. Depois apanhou o Sud-Express, mas não sofreu grande controlo: “Era ainda o início da emigração.” Foi só no ano seguinte que os portugueses, fugidos ao regime uns, em busca de melhores condições de vida outros, “começaram a desembarcar em Austerlitz aos milhares”. Em 2003, juntamente com um grupo de amigos, funda a associação Memória Viva, que visa preservar a história da emigração portuguesa em França. A associação elegeu o Sud-Express como símbolo e lançou o site www.sudexpress.org. Considera o mítico comboio como “um verdadeiro veículo de libertação através dos tempos” e é de opinião que a estação de Austerlitz, aonde o Sud chega, devia ser “monumento nacional”.
ENTRE 1963 e 1973
Mais de um milhão de portugueses emigraram clandestinamente. A grande maioria desembarcou na mítica ‘Gare d’Austerlitz’. Os que viajavam sem papéis desciam diversas vezes do Sud-Express e passavam as fronteiras a pé. A PIDE controlava todo o trajecto do comboio.
OUTROS TEMPOS
João Boavida e Elísio Torres trabalham no ‘wagon-restaurant’ desde “os tempos em que os fogões ainda trabalhavam a carvão”. Viveram histórias memoráveis mas Elísio nunca esquecerá o PIDE, que certa vez lhe pediu uma omeleta. “Disse-lhe que não. Só o meu chefe podia autorizar. Quando chegámos à fronteira mandou-me acompanhá-lo a uma cave. Já me preparava para enfardar.” O chefe safou-o. As relações dos funcionários com a polícia política eram cordiais. “Tínhamos medo!”, recordam.
EM 2006
Viajaram no Sud-Express 115 mil passageiros, o que representou uma receita de 6,5 milhões de euros. Todos os dias, o comboio parte de Santa Apolónia às 16h06 e chega a Hendaye às 07h10 do dia seguinte. Os passageiros podem optar entre lugares deitados, de 1.ª e 2.ª classe, e lugares sentados de 2.ª. Durante décadas, em Hendaye, todos os passageiros desciam do comboio para entrar nas carruagens francesas. Só os ocupantes das ‘couchettes’ permaneciam a bordo. Estes ‘vagões’ eram então levantados a cerca de metro e meio do chão para que fossem mudados os rodados.

O PRIMEIRO SUD-EXPRESS
Incluía duas carruagens-cama de 20 lugares e um ‘wagon-restaurant’ com sala de jantar para 20 pessoas e sala de fumo para 8. As carruagens, esclarece a CP, eram ligadas por “plataformas abertas providas de corrimãos e de passadiços.
Para iluminação utilizava-se óleo mineral, e o aquecimento era feito por meio de água quente que circulava em tubos de cobre”. Até meados dos anos 90, o comboio só era eléctrico até ao Entroncamento. A partir daí a máquina funcionava a diesel.
(in “Correio de Manhã” de 21.10.2007)